óleo s/tela
50x65 cm
4.500,00€
As mulheres de Francisco Simões
por MARIA JOÃO CAETANO
São mulheres, sobretudo mulheres. "A mulher é a coisa mais bonita do universo", afirma o escultor Francisco Simões. "Não há pássaro, não há Sol, não há mar, não há nada que se lhe compare. O corpo da mulher é redondo, não tem arestas, tem uma policromia harmoniosa, cheira bem."
A mulher é o tema principal do seu trabalho. Diz-se Francisco Simões e pensa-se imediatamente nos corpos de mármore da estação de metro do Campo Pequeno, em Lisboa (1994). Para a exposição que se inaugura hoje, às 18.30, na Galeria do Diário de Notícias, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, Francisco Simões trouxe mais umas quantas das suas mulheres: 16 esculturas de mármore, nove desenhos (apenas um foge a esta temática) e oito cerâmicas. Escolheu estas peças sem qualquer critério que não o facto de gostar delas e de lhe apetecer mostrá-las. Uma pequena amostra de uma carreira já longa.
Tivesse ele seguido a tradição familiar e em vez de artista seria marinheiro. Francisco Simões nasceu em 1946, em Porto Brandão, "à esquina do Tejo com o mar", e foi aí que criou as suas primeiras esculturas - ingénuas brincadeiras de criança construídas com o barro do chão e com as madeiras trazidas pela maré. Mas nada disso se lhe afigurava como carreira. Foi a intervenção do professor Calvet Magalhães junto da sua mãe que encaminhou este aluno excelente para uma escola artística, a António Arroio, e foi aí, primeiro nas oficinas e depois entre os livros e as conversas com outras sensibilidades artísticas, que Francisco Simões foi descobrindo o seu próprio lugar.
Aos 19 anos, foi estudar para artes gráficas em Itália. Na primeira visita ao Vaticano foi direitinho para a Pietà, de Miguel Ângelo. "Tive o privilégio de poder tocar nela com as mãos. É tão bonita. Ainda hoje, quando esculpo as minhas peças só as considero prontas quando ao toque tenho a mesma sensação que tive com a Pietà." Miguel Ângelo e Rodin estão entre as suas principais influências.
Francisco Simões foi professor ("sou professor", diz ele, agora reformado), foi assessor para as artes do Ministério da Educação, foi comunista, foi vereador da Câmara de Almada. Tem uma vida cheia de histórias para contar - das amizades com Almada Negreiros e David Mourão Ferreira (entre tantos, tantos outros nomes das artes e das letras), das conspirações em tempos de ditadura, da revolução e da dissidência. Das mulheres. É impossível resumir a sua vida a estas linhas tal como é impossível resumir a sua obra a uma galeria.
Para muitos, Francisco Simões é o autor da capa de Um Amor Feliz - polémica em meados dos anos 80 por causa dos corpos com que o escultor lida com tanta naturalidade. Mas a parte mais conhecida da sua obra está exposta em espaços públicos: o Parque dos Poetas, em Oeiras (2003/2004), os bustos de Vieira da Silva e Arpad Szenes, na estão de metro do Rato (2002), e mais uma série de esculturas em praças, jardins e estações do País. "As pessoas passam pelas peças mas não sabem quem é o artista. Isso é algo que me agrada", diz. "Gosto de ficar a ouvir o que dizem sobre as minhas esculturas sem saber que o artista está ali."
A mulher é o tema principal do seu trabalho. Diz-se Francisco Simões e pensa-se imediatamente nos corpos de mármore da estação de metro do Campo Pequeno, em Lisboa (1994). Para a exposição que se inaugura hoje, às 18.30, na Galeria do Diário de Notícias, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, Francisco Simões trouxe mais umas quantas das suas mulheres: 16 esculturas de mármore, nove desenhos (apenas um foge a esta temática) e oito cerâmicas. Escolheu estas peças sem qualquer critério que não o facto de gostar delas e de lhe apetecer mostrá-las. Uma pequena amostra de uma carreira já longa.
Tivesse ele seguido a tradição familiar e em vez de artista seria marinheiro. Francisco Simões nasceu em 1946, em Porto Brandão, "à esquina do Tejo com o mar", e foi aí que criou as suas primeiras esculturas - ingénuas brincadeiras de criança construídas com o barro do chão e com as madeiras trazidas pela maré. Mas nada disso se lhe afigurava como carreira. Foi a intervenção do professor Calvet Magalhães junto da sua mãe que encaminhou este aluno excelente para uma escola artística, a António Arroio, e foi aí, primeiro nas oficinas e depois entre os livros e as conversas com outras sensibilidades artísticas, que Francisco Simões foi descobrindo o seu próprio lugar.
Aos 19 anos, foi estudar para artes gráficas em Itália. Na primeira visita ao Vaticano foi direitinho para a Pietà, de Miguel Ângelo. "Tive o privilégio de poder tocar nela com as mãos. É tão bonita. Ainda hoje, quando esculpo as minhas peças só as considero prontas quando ao toque tenho a mesma sensação que tive com a Pietà." Miguel Ângelo e Rodin estão entre as suas principais influências.
Francisco Simões foi professor ("sou professor", diz ele, agora reformado), foi assessor para as artes do Ministério da Educação, foi comunista, foi vereador da Câmara de Almada. Tem uma vida cheia de histórias para contar - das amizades com Almada Negreiros e David Mourão Ferreira (entre tantos, tantos outros nomes das artes e das letras), das conspirações em tempos de ditadura, da revolução e da dissidência. Das mulheres. É impossível resumir a sua vida a estas linhas tal como é impossível resumir a sua obra a uma galeria.
Para muitos, Francisco Simões é o autor da capa de Um Amor Feliz - polémica em meados dos anos 80 por causa dos corpos com que o escultor lida com tanta naturalidade. Mas a parte mais conhecida da sua obra está exposta em espaços públicos: o Parque dos Poetas, em Oeiras (2003/2004), os bustos de Vieira da Silva e Arpad Szenes, na estão de metro do Rato (2002), e mais uma série de esculturas em praças, jardins e estações do País. "As pessoas passam pelas peças mas não sabem quem é o artista. Isso é algo que me agrada", diz. "Gosto de ficar a ouvir o que dizem sobre as minhas esculturas sem saber que o artista está ali."