domingo, 5 de junho de 2011

Carlos Alberto Santos (Portugal)

Infante D. Henrique
óleo s/tela
65x93 cm
7.500,00€
Carlos Alberto Santos
Por Leonardo De Sá
Carlos Alberto Ferreira dos Santos nasceu a 18 de Julho de 1933, em Lisboa, e começou a trabalhar como jovem ilustrador no atelier de publicidade de José David, em 1947. A sua primeira ilustração publicada, a que se seguiram várias outras, aconteceu na revista Camarada nº 11, de 30 de Abril de 1948, acompanhando um conto western de Hermínio Rodrigo da Conceição. A sua estreia nas histórias aos quadradinhos ocorreu ainda aos 16 anos, logo no número inaugural de O Mundo de Aventuras e da própria Agência Portuguesa de Revistas (APR) de Aguiar & Dias, a 18 de Agosto de 1949, com a aventurosa "História Maravilhosa de João dos Mares". O texto era assinado por Augusto Barbosa e os desenhos vinham apenas indicados com a insígnia "D", porque realizados enquanto ainda trabalhava no estúdio de José David. Para aquela editora começou no ano seguinte a preparar a sua primeira colecção de cromos, História de Portugal, encargo que lhe tomou alguns anos de realização.
Depois de várias outras obras de ilustração para o Camarada, aí realizou uma segunda banda desenhada de carácter histórico, intitulada "O Escudo do Sarraceno", com novo argumento de Hermínio Rodrigo. A história iniciou-se no nº 116, de 9 de Setembro de 1950, mas ficou interrompida no nº 133, quando a revista suspendeu a publicação, no início do ano seguinte.
Em Outubro de 1954, a Editorial Dois Continentes iniciou a colecção de livros de bolso Heróis e Aventureiros, próxima das histórias aos quadradinhos, com o volume Tarzan e a Escrava, adaptado por Luís Anselmo e desenhado por Carlos Alberto a partir do filme Tarzan and the Slave Girl, com Lex Barker. Mais tarde, este tomo foi reeditado pela Livraria Civilização, do Porto.
Prosseguindo a sua duradoura colaboração com a APR, decorou as capas figuradas para a colecção Caderno Escolar, igualmente em 1954, e a partir do ano seguinte realizou várias novas histórias aos quadradinhos para o Mundo de Aventuras, a Colecção Audácia, e a adaptação em fascículos quadriculados do romance de Júlio Dinis, Os Fidalgos da Casa Mourisca, que conta com algumas capas da autoria de José Manuel Soares. Este último trabalho foi uma obrigação que pouco lhe agradou...
Trabalhando em exclusividade para a APR, executou inúmeras capas para quase todos os títulos da editora - de que se destacam algumas pinturas espectaculares para as revistas Selecções, Policial, Espaço e Guerra, para além do próprio Mundo de Aventuras. Curiosamente, também ilustrou as capas de colecções de fotonovelas que a editora iniciou no final da década de 1950, nomeadamente a Colecção Foto-Novela, que afirmava ser a "primeira revista no seu género que se publica em Portugal". Foi ainda editor responsável da versão nacional da revista infantil espanhola Pumby, em 1970-71.
Ainda para o Mundo de Aventuras, teve grande destaque a biografia romanceada em "Camões, Sua Vida Aventurosa", publicada em 1972 no quarto e último volume da série Álbum Especial, com argumento seu e adaptação de José de Oliveira Cosme (e também em versão abreviada na própria colecção principal). Carlos Alberto tinha proposto fazer uma série de aventuras em torno do poeta, mas tal nunca chegou a acontecer. Mais tarde, esse episódio foi reeditado pelas Edições Asa num álbum com nova montagem, colorido pelo artista e por Isabel Silva, sua discípula.
Decididamente encaminhado para a ilustração, Carlos Alberto voltou esporadicamente à banda desenhada, à qual reconhece dever a facilidade para desenhar de forma dinâmica e sem modelos. Realizou numa prancha única a aventura cómica e publicitária "O Segredo da Cápsula - Uma Aventura de Tony", para os produtos Diese, publicada no Diário Popular, em 1968. No ano seguinte, compôs para a revista Pisca-Pisca a curta história "O Almirante das Naus da Índia", sob argumento de Olga Alves, mais tarde reeditada no suplemento Mini-Época, do jornal Época, onde também publicou ilustrações. Colaborou com a Editorial Bruguera, de Barcelona, de novo produzindo várias capas e até uma BD, posteriormente reeditada em Portugal pela revista O Pirata, em Outubro de 1976, infelizmente com legendação também de pastilha elástica. Esta história policial intitulava-se "Em Busca de Provas", e foi mais tarde recuperada por Dâmaso Afonso para O Cuco, suplemento do Diário do Sul.
Para a Portugal Press de Roussado Pinto, contribuiu também com numerosas capas e ilustrações durante toda a década de 1970, tendo ainda aparecido como director artístico de algumas publicações da editora. Os seus bélicos "Quadros da História de Portugal" surgiram no Jornal do Cuto, e mais tarde também em postais e em álbum. Utilizou então o pseudónimo "M. Gustavo", derivado da sua dedicação à música de Gustav Mahler, pois ainda se encontrava veiculado à APR e não podia assinar com o próprio nome. Para aquela editora, deixou-nos também memoráveis composições eróticas para as várias publicações desse género que começaram a proliferar, depois do 25 de Abril...
Para as Edições Asa desenhou uma derradeira narrativa em 1993, intitulada "O Rei de Nápoles", publicada no álbum colectivo Contos das Ilhas, com argumento de Jorge Magalhães, ao lado de três outras histórias ilustradas por Eugénio Silva, José Garcês e Catherine Labey.
Assinou durante muitos anos simplesmente com os seus dois primeiros nomes, apenas acrescentando o apelido em tempos mais recentes. A arte de Carlos Alberto Santos tornou-se progressivamente mais decorativa, exercendo nas últimas décadas uma intensa actividade como ilustrador de livros - por exemplo para as editoras Amigos do Livro, Europa-América, Scire/SEL, Ésquilo, Destarte, Elo -, e para autores como Raul Correia, Alice Ogando ou Adolfo Simões Müller. Nos últimos anos do século XX, também iluminou colecções de selos para os CTT, com séries sobre os descobrimentos portugueses, o povoamento dos Açores e as naus da carreira da Índia.
Consagrou a sua carreira também intensamente à pintura, realizando uma primeira exposição individual de óleos sobre temas históricos em 1970, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Seguiram-se muitas outras mostras e prémios relativos a esta actividade, estando representado em diversas colecções particulares e públicas, nacionais e estrangeiras.

Sem comentários:

Enviar um comentário