sexta-feira, 24 de junho de 2011

Francisco Simões (Portugal)

óleo s/tela
50x65 cm
4.500,00€

As mulheres de Francisco Simões

por MARIA JOÃO CAETANO
São mulheres, sobretudo mulheres. "A mulher é a coisa mais bonita do universo", afirma o escultor Francisco Simões. "Não há pássaro, não há Sol, não há mar, não há nada que se lhe compare. O corpo da mulher é redondo, não tem arestas, tem uma policromia harmoniosa, cheira bem."
A mulher é o tema principal do seu trabalho. Diz-se Francisco Simões e pensa-se imediatamente nos corpos de mármore da estação de metro do Campo Pequeno, em Lisboa (1994). Para a exposição que se inaugura hoje, às 18.30, na Galeria do Diário de Notícias, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, Francisco Simões trouxe mais umas quantas das suas mulheres: 16 esculturas de mármore, nove desenhos (apenas um foge a esta temática) e oito cerâmicas. Escolheu estas peças sem qualquer critério que não o facto de gostar delas e de lhe apetecer mostrá-las. Uma pequena amostra de uma carreira já longa.
Tivesse ele seguido a tradição familiar e em vez de artista seria marinheiro. Francisco Simões nasceu em 1946, em Porto Brandão, "à esquina do Tejo com o mar", e foi aí que criou as suas primeiras esculturas - ingénuas brincadeiras de criança construídas com o barro do chão e com as madeiras trazidas pela maré. Mas nada disso se lhe afigurava como carreira. Foi a intervenção do professor Calvet Magalhães junto da sua mãe que encaminhou este aluno excelente para uma escola artística, a António Arroio, e foi aí, primeiro nas oficinas e depois entre os livros e as conversas com outras sensibilidades artísticas, que Francisco Simões foi descobrindo o seu próprio lugar.
Aos 19 anos, foi estudar para artes gráficas em Itália. Na primeira visita ao Vaticano foi direitinho para a Pietà, de Miguel Ângelo. "Tive o privilégio de poder tocar nela com as mãos. É tão bonita. Ainda hoje, quando esculpo as minhas peças só as considero prontas quando ao toque tenho a mesma sensação que tive com a Pietà." Miguel Ângelo e Rodin estão entre as suas principais influências.
Francisco Simões foi professor ("sou professor", diz ele, agora reformado), foi assessor para as artes do Ministério da Educação, foi comunista, foi vereador da Câmara de Almada. Tem uma vida cheia de histórias para contar - das amizades com Almada Negreiros e David Mourão Ferreira (entre tantos, tantos outros nomes das artes e das letras), das conspirações em tempos de ditadura, da revolução e da dissidência. Das mulheres. É impossível resumir a sua vida a estas linhas tal como é impossível resumir a sua obra a uma galeria.
Para muitos, Francisco Simões é o autor da capa de Um Amor Feliz - polémica em meados dos anos 80 por causa dos corpos com que o escultor lida com tanta naturalidade. Mas a parte mais conhecida da sua obra está exposta em espaços públicos: o Parque dos Poetas, em Oeiras (2003/2004), os bustos de Vieira da Silva e Arpad Szenes, na estão de metro do Rato (2002), e mais uma série de esculturas em praças, jardins e estações do País. "As pessoas passam pelas peças mas não sabem quem é o artista. Isso é algo que me agrada", diz. "Gosto de ficar a ouvir o que dizem sobre as minhas esculturas sem saber que o artista está ali."

domingo, 5 de junho de 2011

Sérgio Sá (Portugal)

óleo s/tela
90x130 com
3.500,00€
Sérgio O. Sá nasceu em 1943. Por força das múltiplas dificuldades em que cresceu, teve de ir trabalhar com 13 anos de idade, vindo a exercer ao longo do seu tempo, diversas actividades, incluindo a de carpinteiro, na construção civil, e a de docente, no ensino público oficial. Tinha já 25 anos quando teve, finalmente, oportunidade de iniciar os estudos liceais. Deu-lhes continuidade e, sempre como estudante trabalhador, seguiu depois estudos superiores. Em 1982 concluiu licenciatura em Artes Plásticas. Mais tarde mestrado em História da Arte.
Como artista plástico, desde 1970, então autodidacta, que vem apresentando ao público os seus trabalhos, sendo esta a sua 50.ª exposição individual. Em mostras colectivas conta com mais de duas centenas e meia de participações.

Alguns dos locais onde a sua obra esteve exposta
Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian; Soc. Nac. Belas Artes; Museu da Água; Fórum Picoas. Porto: Museu Soares dos Reis; Coop. Árvore; Palácio da Bolsa; Galeria da Praça; Galeria Lóios. Amadora: Bienais de Gravura e exposições de Escultura de Ar Livre. Aveiro: Museu de Aveiro. Braga: Museu Nogueira da Silva. Estoril: Salões de Arte Moderna, da Primavera; do Outono. Évora: Festivais de Gravura. Guarda: Museu Regional; Paço da Cultura. Guimarães: Museu Alberto Sampaio. Lagos: Salão de Arte de Lagos “SAL 85”. Maia: Arte Contemporânea da Galiza e Norte de Portugal. Silves: Arte Portuguesa Contemporânea “Algarve 88”. V.N.Cerveira: 2ª,3ª,4ª Bienais de Arte. Viseu: Museu Grão Vasco. Argentina-Quilmes: Centro de Arte Moderno. Brasil-São Paulo: Museu de Arte Brasileira. Coreia do Sul: Universidade de Seoul. Espanha: Bienal Copy Art - Barcelona; Escuela de Artes Aplicadas y Ofícios Artísticos - A Coruña; Galeria Anagma - Valência; Galeria Brita Prinz - Madrid; Museo de Ferrol. Egipto-Cairo: National Center of Fine Arts. França: Grand Palais - Paris; Salão “Saga 95”- Porte de Versailles; Château Royal de Collioure. Itália-Réggio: Centro Internazional di Arti e di Cultura; “Arte Fiera 93” (Feira Internacional de Arte) - Bologna. Japão-Fukuoka: Gallery Oishi e Gallery Fukuda. Lituânia-Vilnius: International Minigraphics. Macedónia-Bitola: International Triennial of Graphic Art. México: Museo de la Estampa. Polónia-Lodz: Panstwowa Galeria Sztuki. U.S.A.-Boston: Northeastern University. E ainda noutros locais de Andorra, Argentina, Bélgica, Brasil, Colômbia, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Japão, Portugal, Roménia e U.S.A.
Obras suas fazem parte de colecções particulares em diversos países e de colecções públicas em Argentina, Egipto, Espanha, Itália, Lituânia Polónia e Portugal.
Com algumas distinções em pintura, escultura e obra gráfica, o seu nome é referenciado em bibliografia originária de Portugal, Inglaterra, Itália e Brasil.

Carlos Alberto Santos (Portugal)

Infante D. Henrique
óleo s/tela
65x93 cm
7.500,00€
Carlos Alberto Santos
Por Leonardo De Sá
Carlos Alberto Ferreira dos Santos nasceu a 18 de Julho de 1933, em Lisboa, e começou a trabalhar como jovem ilustrador no atelier de publicidade de José David, em 1947. A sua primeira ilustração publicada, a que se seguiram várias outras, aconteceu na revista Camarada nº 11, de 30 de Abril de 1948, acompanhando um conto western de Hermínio Rodrigo da Conceição. A sua estreia nas histórias aos quadradinhos ocorreu ainda aos 16 anos, logo no número inaugural de O Mundo de Aventuras e da própria Agência Portuguesa de Revistas (APR) de Aguiar & Dias, a 18 de Agosto de 1949, com a aventurosa "História Maravilhosa de João dos Mares". O texto era assinado por Augusto Barbosa e os desenhos vinham apenas indicados com a insígnia "D", porque realizados enquanto ainda trabalhava no estúdio de José David. Para aquela editora começou no ano seguinte a preparar a sua primeira colecção de cromos, História de Portugal, encargo que lhe tomou alguns anos de realização.
Depois de várias outras obras de ilustração para o Camarada, aí realizou uma segunda banda desenhada de carácter histórico, intitulada "O Escudo do Sarraceno", com novo argumento de Hermínio Rodrigo. A história iniciou-se no nº 116, de 9 de Setembro de 1950, mas ficou interrompida no nº 133, quando a revista suspendeu a publicação, no início do ano seguinte.
Em Outubro de 1954, a Editorial Dois Continentes iniciou a colecção de livros de bolso Heróis e Aventureiros, próxima das histórias aos quadradinhos, com o volume Tarzan e a Escrava, adaptado por Luís Anselmo e desenhado por Carlos Alberto a partir do filme Tarzan and the Slave Girl, com Lex Barker. Mais tarde, este tomo foi reeditado pela Livraria Civilização, do Porto.
Prosseguindo a sua duradoura colaboração com a APR, decorou as capas figuradas para a colecção Caderno Escolar, igualmente em 1954, e a partir do ano seguinte realizou várias novas histórias aos quadradinhos para o Mundo de Aventuras, a Colecção Audácia, e a adaptação em fascículos quadriculados do romance de Júlio Dinis, Os Fidalgos da Casa Mourisca, que conta com algumas capas da autoria de José Manuel Soares. Este último trabalho foi uma obrigação que pouco lhe agradou...
Trabalhando em exclusividade para a APR, executou inúmeras capas para quase todos os títulos da editora - de que se destacam algumas pinturas espectaculares para as revistas Selecções, Policial, Espaço e Guerra, para além do próprio Mundo de Aventuras. Curiosamente, também ilustrou as capas de colecções de fotonovelas que a editora iniciou no final da década de 1950, nomeadamente a Colecção Foto-Novela, que afirmava ser a "primeira revista no seu género que se publica em Portugal". Foi ainda editor responsável da versão nacional da revista infantil espanhola Pumby, em 1970-71.
Ainda para o Mundo de Aventuras, teve grande destaque a biografia romanceada em "Camões, Sua Vida Aventurosa", publicada em 1972 no quarto e último volume da série Álbum Especial, com argumento seu e adaptação de José de Oliveira Cosme (e também em versão abreviada na própria colecção principal). Carlos Alberto tinha proposto fazer uma série de aventuras em torno do poeta, mas tal nunca chegou a acontecer. Mais tarde, esse episódio foi reeditado pelas Edições Asa num álbum com nova montagem, colorido pelo artista e por Isabel Silva, sua discípula.
Decididamente encaminhado para a ilustração, Carlos Alberto voltou esporadicamente à banda desenhada, à qual reconhece dever a facilidade para desenhar de forma dinâmica e sem modelos. Realizou numa prancha única a aventura cómica e publicitária "O Segredo da Cápsula - Uma Aventura de Tony", para os produtos Diese, publicada no Diário Popular, em 1968. No ano seguinte, compôs para a revista Pisca-Pisca a curta história "O Almirante das Naus da Índia", sob argumento de Olga Alves, mais tarde reeditada no suplemento Mini-Época, do jornal Época, onde também publicou ilustrações. Colaborou com a Editorial Bruguera, de Barcelona, de novo produzindo várias capas e até uma BD, posteriormente reeditada em Portugal pela revista O Pirata, em Outubro de 1976, infelizmente com legendação também de pastilha elástica. Esta história policial intitulava-se "Em Busca de Provas", e foi mais tarde recuperada por Dâmaso Afonso para O Cuco, suplemento do Diário do Sul.
Para a Portugal Press de Roussado Pinto, contribuiu também com numerosas capas e ilustrações durante toda a década de 1970, tendo ainda aparecido como director artístico de algumas publicações da editora. Os seus bélicos "Quadros da História de Portugal" surgiram no Jornal do Cuto, e mais tarde também em postais e em álbum. Utilizou então o pseudónimo "M. Gustavo", derivado da sua dedicação à música de Gustav Mahler, pois ainda se encontrava veiculado à APR e não podia assinar com o próprio nome. Para aquela editora, deixou-nos também memoráveis composições eróticas para as várias publicações desse género que começaram a proliferar, depois do 25 de Abril...
Para as Edições Asa desenhou uma derradeira narrativa em 1993, intitulada "O Rei de Nápoles", publicada no álbum colectivo Contos das Ilhas, com argumento de Jorge Magalhães, ao lado de três outras histórias ilustradas por Eugénio Silva, José Garcês e Catherine Labey.
Assinou durante muitos anos simplesmente com os seus dois primeiros nomes, apenas acrescentando o apelido em tempos mais recentes. A arte de Carlos Alberto Santos tornou-se progressivamente mais decorativa, exercendo nas últimas décadas uma intensa actividade como ilustrador de livros - por exemplo para as editoras Amigos do Livro, Europa-América, Scire/SEL, Ésquilo, Destarte, Elo -, e para autores como Raul Correia, Alice Ogando ou Adolfo Simões Müller. Nos últimos anos do século XX, também iluminou colecções de selos para os CTT, com séries sobre os descobrimentos portugueses, o povoamento dos Açores e as naus da carreira da Índia.
Consagrou a sua carreira também intensamente à pintura, realizando uma primeira exposição individual de óleos sobre temas históricos em 1970, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Seguiram-se muitas outras mostras e prémios relativos a esta actividade, estando representado em diversas colecções particulares e públicas, nacionais e estrangeiras.

sábado, 4 de junho de 2011

Orlando Pompeu (Portugal)

óleo s/tela
102x82 cm
6.000,00€
O artista plástico Orlando Pompeu apresenta a exposição “Pré-Textos Conceptuais” até 2 de Maio, na Galeria Municipal Artur Bual, na Amadora.
Com um estilo pictórico pessoal, Orlando Pompeu tem, ao longo das décadas de viajante tranquilo pelo mundo, revelado uma imaginação criativa sólida, técnica e formal, sem nunca esquecer a essência do que pinta.
Orlando Pompeu nasceu a 24 de Maio de 1956, em Cepães, concelho de Fafe. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris.
Nos anos 90, progrediu no seu percurso artístico, ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, primeiramente, e depois, para o Japão.
A sua obra consta de variadas colecções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos e Japão.

Irmã Gabriela (Portugal)

óleo s/tela
55x46 cm
3.000.00€

Nasceu em 1926 na cidade da Beira, mantendo a nacionalidade portuguesa. Iniciou aos oito anos a sua preparação artística com a noção de uma responsabilidade que lhe era inata e da qual nunca mais se separou. Radicou-se, criança ainda, em Lisboa, onde frequentou e concluiu o Curso Geral dos Liceus. Muito conscientemente, em 1946, consagra-se a Deus na Congregação das Irmãs Doroteias.
Embora a expansão da arte não seja o carisma específico deste Instituto, tendo em conta esta vocação de artista, achou seu dever respeitá-la e proporcionar-lhe as condições adequadas para um trabalho sério em função de um Apostolado que, por ser Arte, é essencialmente espiritual. Teve por Mestres os Pintores Emmérico Hardwich Nunes e Domingos Rebelo, mantendo por muito mais tempo o contacto com este. Foi subsidiada pela Fundação Calouste Gulbenkian em viagens de estudo, com incidência em Paris –o berço do Impressionismo.
A pedido do público e do seu mestre e amigo Domingos Rebelo, expõe pela primeira vez em 1966, no Palácio – Foz, em Lisboa, com inteira aprovação da Superiora Provincial.
Com raras excepções, o seu movimento de Arte incide em Exposições Temáticas.